terça-feira, dezembro 01, 2009

Elementar, Watson!

Enquanto falávamos, dobrámos para uma ruela estreita. Por uma portinha lateral, chegámos a uma ala do grande hospital. O cenário era-me familiar e eu não precisava de guia para subir a fria escada de pedra e percorrer o longo corredor de paredes caiadas e portas cor de castanha. Antes do seu final, uma passagem em arco dava acesso a outras direcções e por ela chegámos ao laboratório químico.

O lugar, amplo e imponente, estava entulhado com um sem-número de frascos. Mesas baixas e largas, espalhadas pelo salão estavam cobertas por retortas, tubos de ensaios e pequenos bicos de Bunsen com trémulas chamas azuis. Via-se apenas um estudante no laboratório. Estava curvado sobre uma mesa distante e absorvido no seu trabalho. Ao ouvir nossos passos, olhou em torno, erguendo-se com um grito de satisfação.

- Descobri! Descobri! - dizia a meu companheiro, enquanto corria a nosso encontro com um tubo de ensaio nas mãos. - Descobri um reagente que é precipitado pela hemoglobina e por nada mais!

Se tivesse descoberto uma mina de ouro, não poderia estar mais feliz.

- Dr. Watson, Sr. Sherlock Holmes - disse Stamford, apresentando-nos.

- Como vai? - disse cordialmente, apertando minha mão com uma força que eu não esperava que ele tivesse. - Vejo que esteve no Afeganistão.

- Como é que sabe? - perguntei, atónito.

- Não importa - respondeu, rindo para si mesmo. - No momento, o que interessa é a hemoglobina.

Um estudo em vermelho, Arthur Conan Doyle, escritor, no 122º Aniversário da primeira publicação de um romance com Sherlock Holmes

Sem comentários: